O Presidente angolano, não nominalmente eleito, perspectiva para 2022 um bom ano em termos de crescimento económico, realizável se baixarem os níveis de incidência da Covid-19, apelando a população a vacinar-se. Como o descalabro económica vem de longe, será que a pandemia de Covid tem tantos anos quantos os que o MPLA leva no Poder, 46?
Numa mensagem de Natal, João Lourenço disse que após quase dois anos da pandemia da covid-19, que atingiu com particular severidade todos os países do mundo, é confrangedor constatar que o ano que agora termina, não é ainda o do regresso à normalidade. Para os 20 milhões de angolanos pobres, confrangedor é ver que o Governo continua de barriga cheia a falar da tal fome relativa.
Segundo João Lourenço, a realidade dos factos no mundo aponta para uma propagação muito rápida do vírus SARS COV-2 na sua mais recente variante, o que alerta “para a necessidade de se encarar a situação com a seriedade que se impõe”.
Na verdade, o problema principal dos angolanos não é a propagação, mais ou menos rápida, do vírus Covid-19, nas suas diferentes variantes. O nosso principal problema é um outro vírus que não nos larga há 46 anos – o MPLA-46.
“O aumento vertiginoso do número de casos nos últimos dias, levou as autoridades angolanas a introduzir um conjunto de medidas preventivas, que, se contarem com a colaboração dos cidadãos, podem-nos garantir um início de ano sem grandes sobressaltos e fazer de 2022 o ano do tão almejado regresso à normalidade”, frisou.
O chefe de Estado disse que além das medidas restritivas e de biossegurança recomendadas pelas autoridades competentes, a vacinação em massa dos cidadãos, continua a ser a medida mais eficaz na luta contra esta pandemia, sublinhando que o país dispõe de vacinas em quantidade suficiente e à disposição gratuita de todos os cidadãos residentes em Angola.
“Mais uma vez, apelamos aos cidadãos a comparecerem nos postos de vacinação para apanhar a vacina, e que tenham em conta que só está realmente protegido quem apanhar as duas tomas da vacina, dentro dos prazos que as autoridades sanitárias definiram”, referiu.
O Presidente salientou que, em dois anos, esta pandemia prejudicou a vida das pessoas, das famílias, das empresas e das economias mundiais, independentemente da sua robustez, reduziu a produção e oferta de bens e de serviços, encareceu o preço do frete marítimo e estrangulou toda a cadeia logística do comércio mundial, aumentando o desemprego e consequentemente a pobreza e a fome.
“Em termos de crescimento económico, perspectivamos um bom ano de 2022, mas este prognóstico só será realizável se conseguirmos chegar ao mais próximo possível do normal, com níveis baixos de incidência da Covid-19, para que as empresas produzam os bens e serviços essenciais para o consumo e para exportar, garantindo assim a manutenção e a criação de novos postos de trabalho”, destacou.
João Lourenço expressou um gesto de solidariedade para com os doentes acamados, os internados em lares de acolhimento de crianças e da terceira idade, os sem-abrigo, os cidadãos privados da sua liberdade, os aquartelados e todos aqueles não citados, que por diversas razões se vêm privados do convívio familiar.
“Uma palavra de encorajamento e solidariedade para as populações do sul de Angola, do Cunene, do Namibe e da Huíla, vítimas directas das alterações climáticas cujas consequências são no caso concreto dessas províncias, a seca severa e continuada que ameaça a vida das pessoas e do gado”, expressou.
É a Covid-19, é a chuva, é a seca. Nunca é o MPLA
No passado dia 23 de Abril, o Governo justificou que a pobreza multidimensional (mas, é claro, relativa como descobriu João Lourenço) no país se tenha “agravado para mais de 54%”, sobretudo devido às “dificuldades impostas pela Covid-19”, que se juntam ao “excesso de chuvas, à seca e outras calamidades”.
Para dizer que todo esta “pobreza multidimensional” tem na sua origem outras causas estamos cá nós. É essas devem-se a um vírus para o qual não existe, por enquanto, cura e vacina talvez só chegue em… 2022. Trata-se da pandemia MPLA-46.
Segundo o ministro da Economia e Planeamento, Sérgio Santos, que admitiu um “aumento da população em condição de vulnerabilidade no país” (pobreza em português acessível, relativa segundo João Lourenço), os dados sobre a pobreza em Angola estão a ser permanentemente actualizados.
Na altura, “os dados mais recentes da pobreza multidimensional, publicados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística), davam um nível preocupante de pobreza em Angola na ordem de 54%, sabemos que este número poderá ter-se agravado, sobretudo no último ano”, afirmou o ministro.
Para Sérgio Santos, a Covid-19 contribuiu para o “aumento do grau de vulnerabilidade” (repita-se: pobreza em português acessível) de muitas famílias no país, que perderam o seu rendimento em consequência da pandemia, agravado com “situações preocupantes como excesso de chuvas ou a falta delas”. É a Covid-19, é a chuva, é a seca. Nunca é a criminosa incompetência do MPLA.
As “calamidades naturais poderão também ter tirado rendimento a muitas famílias, portanto esses dados têm de ser permanentemente actualizados”, apontou.
O ministro falava no final da cerimónia de apresentação do programa sobre o “Reforço das Sinergias entre a Protecção Social e a Gestão das Finanças Públicas”, orçado em 1,8 milhões de euros, financiados (é claro!) pela União Europeia (UE).
O governante considerou que o programa apresentado visa melhorar a condição de vida dos angolanos, porque o “nível de vulnerabilidade no país ainda é elevado” e, com a crise da Covid-19 e outras situações, a população vulnerável tem estado a aumentar.
“Por isso, queremos agradecer aos nossos parceiros de desenvolvimento, porque a preocupação principal do nosso Governo é com o bem-estar social, o que queremos com todos os programas que temos é melhorar a condição de vida dos angolanos”, assinalou.
O programa então lançado, em Luanda, implementado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), prevê fortalecer a capacidade das instituições públicas para aumentar o orçamento e melhorar a prestação de serviços de protecção social em Angola.
Sérgio Santos reiterou a agradecimento do Governo angolano para com as Nações Unidas e a UE “neste momento que é difícil para todos os países do mundo”.
Considerou o momento “muito importante” na cooperação com os parceiros internacionais porque, notou, é preciso “fazer tudo para não deixar ninguém para trás”, para apoiar as populações, “principalmente aquelas mais vulneráveis”.
O envelope de financiamento da União Europeia “é destinado para oito países do mundo, Angola foi seleccionada como sendo um país preocupado com o desenvolvimento social, alinhado com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável”.
A “melhoria de sinergias” entre os vários departamentos ministeriais dedicados aos três pilares da protecção social em Angola, nomeadamente a protecção social de base, segurança social e complementar, consta entre as “acções imediatas” a serem desenvolvidas.
“Pensamos que com este esforço financiado pela UE vamos poder, até ao final do projecto, em 2022, trazer coisas concretas para melhorar as sinergias dos nossos programas na área social”, frisou.
Um dos produtos concretos desta sinergia, sublinhou Sérgio Santos, vai ser a melhoria das estatísticas.
“Portanto, aos beneficiários dos programas sociais, queremos promover maior digitalização, capacitação dos técnicos que trabalham com a protecção social e melhor alinhamento dos programas por forma a optimizarmos os poucos recursos que temos”, rematou.
Entretanto, o ministro da Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, disse à agência de informação financeira Bloomberg que a economia deverá crescer 1% este ano e que as taxas de juro poderão descer quando a inflação abrandar. Por outras palavras, quando forem plantadas com a raiz para baixo… as couves vão sobreviver.
Folha 8 com Lusa